Quando a moça vaidosa passava
Desfilando com seus enfeites
Eu via objetos flutuantes
Via o vestido rodado
O balançar dos tecidos
Via as luvas longas
Contornando a cobiça imóvel
Via os brincos pesados
Acompanharem o vento
Via o colar, as pulseiras
E a música dos pingentes
Via os saltos finos
E seus estalares no chão
Via o pó dispersar-se, aos poucos,
A cada pisada
Via a sombra dela
Mas dela, só via a sombra
A pobrezinha perdeu-se de si
E restaram aqueles apetrechos
E lá iam os objetos
Soltos pelo ar
Presos ao corpo ermo da mocinha
O corpo devia ser jeitoso
Mas foi-se embora
Para acompanhar a alma.
Objetos flutuantes
26 de maio de 2006
Desfilando com seus enfeites
Eu via objetos flutuantes
Via o vestido rodado
O balançar dos tecidos
Via as luvas longas
Contornando a cobiça imóvel
Via os brincos pesados
Acompanharem o vento
Via o colar, as pulseiras
E a música dos pingentes
Via os saltos finos
E seus estalares no chão
Via o pó dispersar-se, aos poucos,
A cada pisada
Via a sombra dela
Mas dela, só via a sombra
A pobrezinha perdeu-se de si
E restaram aqueles apetrechos
E lá iam os objetos
Soltos pelo ar
Presos ao corpo ermo da mocinha
O corpo devia ser jeitoso
Mas foi-se embora
Para acompanhar a alma.
Objetos flutuantes
26 de maio de 2006
Ver objetos contornando vazios, é ver, compadecidamente, o ser que vaga, solitário de si. A solidão chega ao grau extremo e se torna "insentida", de forma que os corpos já não sabem mais que neles há só ausência.