"Quem sabe que o tempo está fugindo,
descobre subitamente a beleza única do momento que nunca mais será."
descobre subitamente a beleza única do momento que nunca mais será."
Ninguém se parece mais contigo
Que o teu retrato
Nele, não há a máscara
Que floreia o ato
Não há nada mais belo
Que o teu retrato
Pois nele, não és passível
Nele não és passável
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O retrato, guardador de instantes
Cristalizador dos detalhes
Guardou o tempo para mim
Nele mora, viva e eterna
A hora que não retorna
A hora que não se apaga.
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Ao olhar o retrato
Vi além da minúscula imagem
Que atravessou meus olhos
Vi o segundo que havia acabado de romper
Vi o instante frágil que precedia
O segundo seguinte
A imagem estática revelou-me então
O inconstante e móvel
A figura mostrava-me o movimento exato do vento
Embalando a dança das folhas
Uma folha estava caindo
Mas ainda não havia alcançado o chão
Minha memória sabia somente da folha já caída
Lembro-me que era noite enluarada
Mas só o retrato fiel
Mostrou-me o reflexo da lua
Tremendo na água
Olhar um retrato
é ver sem os nossos olhos
É ver além do retrato
Ver além do campo de visão
Meu olhar lento
Minha mãos pequenas
Não viam, não tocavam
A imensidão daquele instante
Mas a lente sim
Fez do momento, permanente
E me trouxe o que já era passado
Ela devolveu-me o tempo perdido
2 comentários:
Nossa Camila! Fabuloso esse poema! Realmente, um retrato escrito, descrito!
Lindooooo!
Sobre retratos e tempo, há muitos anos atrás, escrevi um texto meio maluco sobre a recuperação do tempo perdido por meio da fotografia...ai! É fantástico, não é? Amei seu poema! Muito inspirado!
Mil bjos!
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